domingo, 26 de janeiro de 2014

HER by Spike Jonze (Oscars 5/9)

O filme sobre o qual escrevo hoje é HER de Spike Jonze, um dos 9 nomeados a Oscar de Melhor Filme. 


HER conta-nos a história de Theodore (Joaquin Phoenix), um solitário autor de cartas de amor "escritas à mão", que revela uma dificuldade introvertida em lidar com fim do seu relacionamento com Catherine (Rooney Mara). A dada altura adere a um Sistema Operativo que consiste numa voz, Samantha (Scarlett Johansson), que acompanha o seu dia-a-dia, auxiliando-o na sua organização pessoal e profissional, mas que progressivamente se "envolvem" numa relação afetiva estranhamente avassaladora. 











O enredo de HER projeta-nos num futuro que, apesar de tecnologicamente  evoluído, nos faz questionar a veracidade das nossas emoções enquanto seres relacionais. É uma história de paixão, de introspecção, mas sobretudo de uma solidão e de uma insegurança que procuram resolução através de um mecanismo aparentemente inabalável. 

Aqui, há que prever que dificilmente Spike Jonze verá fugir a estatueta de "Melhor Argumento Original". A história que nos conta está repleta de originalidade (tendo em conta a projeção tecnológica que lhe serve de cenário) como de simplicidade na forma de abordar as sempre complexas questões do relacionamento com o outro. De certo modo, na minha opinião, o argumento de HER encaixa de forma perfeita num restrito leque de excelência do qual faz parte o sublime "The Eternal Sunshine of the Spotless Mind" (até à data o meu filme favorito de sempre), também ele galardoado nesta categoria. 



Por outro lado, não posso deixar de chamar à atenção para a estonteante, mas não surpreendente, performance de Joaquin Phoenix. Atualmente Phoenix é, quanto a mim, um dos atores mais negligenciados pelos diversos órgãos que atribuem prémios da indústria cinematográfica, entre os quais a Academia (basta relembrar a sua estrondosa interpretação em "The Master", que no ano passado, apesar de reconhecida pela nomeação, viu - quanto a mim muito injustamente - fugir o Oscar para Daniel Day-Lewis em 'Lincoln'). Tenho muita pena que não tenha sido de novo nomeado na categoria de Melhor Ator Principal, apesar de admitir que este é um ano muito rico nas interpretações masculinas, dificultando a sua inclusão no lote final de 5 nomeados. 




Devo confessar que andei uns bons dias a resistir a ver o filme sobre o qual hoje escrevo. Talvez porque já suspeitava da carga emotiva inerente ao mesmo, e também porque os filmes de argumento complexo e com questões relacionais são normalmente os que deixam em mim uma mais profunda marca, sendo por isso sempre favoritos por comparação aos concorrentes que não reúnem essas mesmas características. Sendo assim, e faltando ainda 4 filmes para completar a análise aos 9 nomeados, prevejo que muito dificilmente haverá algum outro para o qual canalize mais a minha preferência do que HER, o que já havia previsto desde que assisti pela primeira vez ao seu trailer. 

Gostaria também que a música "Moon Song" de Karen O (Yeah Yeah Yeahs) levasse a estatueta... mas esta deverá estar mais que entregue aos U2

Num filme repleto de mágicas reflexões dignas de citação despeço-me com esta: "The Past is just a history we tell ourselfs".




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