domingo, 2 de fevereiro de 2014

RIP Philip Seymour Hoffman

Passaram apenas poucos minutos desde que fui surpreendida pela triste notícia, partilhada nas redes sociais, da morte do ator Philip Seymour Hoffman.



Ao que tudo indica, terá sido mais uma vítima do abuso de substâncias ilícitas que, infelizmente, continuam tão presentes no meio artístico (dificilmente esqueceremos o desaparecimento do jovem Heath Ledger em pleno auge da sua carreira, a morte da Diva da música Whitney Houston ou de Amy Winehouse, e até mesmo a mais recente morte de Corey Monteith, um dos protagonistas da famosa série musical Glee - entre muitos outros que, lamentavelmente, se foram perdendo pela mesma via).


Philip Seymour Hoffman era um ator consensual no mundo do cinema, contribuindo para este com um imenso número de irrepreensíveis interpretações em papéis tão diversos e em géneros distintos. Seymor Hoffman é, por norma, associado a papéis em filmes dramáticos, mas também na comédia foi brilhante (lembro-me aqui do seu espirituoso Sandy em "Along Came Polly", que tantas gargalhadas me arranca sempre que vejo o filme - e eu não sou, de todo, apreciadora de comédias românticas). 



Teve na sua interpretação do polémico escritor Truman "Capote" o expoente máximo da sua carreira, vencendo todos os prémios na categoria de Melhor Ator Principal, entre as quais o Oscar, corria o ano de 2006. Mas isso não bastou para que não permanecesse num trilho de excelência, continuando sempre a dotar as personagens que vestiu desde então com uma excepcionalidade ímpar.





É de recordar ainda o merecido reconhecimento da Academia pelas suas prestações em "Doubt", "Charlie Wilson's War" e "The Master" com mais três nomeações, tendo, na minha opinião, ficado por entregar a Hoffman o merecido Oscar na Categoria de "Melhor Ator Coadjuvante" no último ano pela sua espetacular perfomance como Lancaster Dodd em "The Master" (que acabou por recair sobre Christoph Waltz pelo papel de Dr. Shultz em Django Unchained). 




A sua última aparição no grande ecrã (e que terá continuidade garantida pelo menos na 1ª parte do próximo filme) foi no papel de Plutarch Heavensbee, na saga The Hunger Games. Hoffman foi assim, quanto a mim, mais uma aquisição de luxo que permite colocar esta adaptação de uma trilogia de livros, tão apreciada pelo público mais jovem, num patamar de credibilidade que outras não conseguiram alcançar.


É certo que o talento das celebridades permite que estas permaneçam para lá da sua própria vida. Mas é uma pena que tantas vezes não seja adiável este seu garantido status de imortalidade.


RIP Philip Seymour Hoffman

1 comentário:

  1. Perfume de ator

    Com "Capote", Philip Seymour Hoffman, entroncado, ganhou o Óscar de melhor ator fazendo de Truman Capote, um duende franzino. Hollywood gosta disso. Mas, às vezes, Hollywood é também delicada: nomeado para melhor ator secundário, ele não ganhou o prémio em 2008 ("Jogos de Poder") e 2009 ("Dúvida"). Claro, como premiar como secundário aquele que roubava as cenas sempre que aparecia? Em "Perfume de Mulher", Al Pacino, cego, dança o tango "Por Una Cabeza". A cena é entrecortada por brevíssimas imagens de um jovem que olhava o amigo dançar. Esse jovem não era Seymour Hoffman, remetido para outro papel. Fosse ele, sentado, calado e só a olhar, teria embaciado o monstro sagrado, a beleza da dançarina e, até, o tango de Gardel. Em "O Talentoso Mister Ripley", ele ofuscou Matt Damon e Jude Law. Nesse ano, num filme que ganhou o prémio de melhor elenco, "Magnólia", o realizador teve a prudência de não o pôr a competir com os outros. Vai ser o enfermeiro discreto que vê um velho amargurado a morrer de cancro: "A maior dor da minha vida foi ter deixado partir o meu amor", diz o velho. Mais tarde, o enfermeiro telefona ao filho do moribundo para ir ver o pai: "Eu sei que isto parece uma cena de filme (...) mas essas cenas são verdadeiras, sabe, porque elas acontecem, mesmo." A Seymour Hoffman bastava-lhe um telemóvel para nos convencer de que o filme era a vida, mesmo. Ele secundarizava os principais atores; agora, com uma agulha no braço, matou o maior." (Ferreira Fernandes em DN Opinião)

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