domingo, 9 de fevereiro de 2014

NEBRASKA by Alexander Payne (OSCARS 8/9)

Assisti ontem a um dos filmes que, inesperadamente, obteve um bom número de nomeações aos Oscars (6) entre os quais nas importantes categorias de Melhor Filme e Melhor Realizador: NEBRASKA, o novo filme de Alexander Payne, realizador já conhecido por filmes como "The Descendents" e "Sideways". 













Woody Grant (Bruce Dern), um idoso aparentemente "desligado" da realidade e com um inveterado problema de alcoolismo, recebe pelo correio um panfleto no qual lhe é garantido que foi contemplado com um prémio no valor de 1.000.000$, mas para levantar o mesmo terá de se dirigir a Lincoln, Nebraska. Crente na veracidade de um prémio que a restante família prontamente reconhece como sendo mais uma de recorrentes farsas levadas a cabo por diversas empresas para angariação de clientes e que, por isso, o tenta dissuadir do mesmo, Woody inicia um imparável périplo de fugas em caminhada para se dirigir de Montana a Nebraska, de modo a poder receber o seu "prémio". 



A esposa Kate (June Squibb) e o filho mais velho Ross (Bob Odenkirk), saturados do alheamento de Woody e do seu problema de alcoolismo, ponderam coloca-lo num lar de idosos, mas o filho mais novo David (Will Forte), apesar de o pai ter sempre sido distante, incansavelmente tenta convencê-lo de que o prémio não é real, acudindo o pai sempre que o encontra na sua teimosa caminhada ou até mesmo quando é levado para a esquadra depois de apanhado a caminhar sozinho pela estrada. Percebendo que os seus esforços serão infrutíferos, David resolve "alinhar" na alucinação do pai e, contrariando a vontade da mãe e do irmão, inicia uma verdadeira viagem que mais do que o longo percurso de distância de Montana a Nebraska, se transforma numa surpreendente jornada de descoberta e aproximação ao seu próprio progenitor. 

O argumento do filme é dotado de uma complexidade notável porém refletida na simplicidade dos diálogos e, sobretudo, na riqueza expressiva que Dern e Forte nos presenteiam nele. Nebraska, como se pode deduzir pelas imagens, é todo ele a preto e branco. Talvez porque a vida de David (Will Forte) passa por uma fase que se pauta pela falta de metas, de concretizações, tanto a nível profissional como pessoal/familiar, ou talvez ainda por se tratar de uma história de relações que não parecem passíveis de ser representadas por uma paleta de cores. Mas esta ausência de cor em nada retira à qualidade de Nebraska, pelo contrário, pois está perfeitamente coerente com a história, com o estado das suas personagens.

Bruce Dern está nomeado para o Oscar de Melhor Ator Principal e foi uma das surpresas no lote final de 5 atores (tendo em conta que ficaram de fora nomes como Tom Hanks, Robert Redford e Joaquin Phoenix), mas é preciso relembrar que Dern já arrecadou o prémio em Cannes, podendo por isso ser também uma ameaça a considerar ao favoritismo de McConaughey (apesar de considerar que é pouco provável que saia vencedor na madrugada de 2 de Março). 




Também June Squibb está nomeada na categoria de Melhor Atriz Secundária, e traz ao filme a leveza de uma personagem dotada um humor particularmente (in)apropriado. Protagoniza os momentos mais graciosos do filme e é uma justa candidata ao prémio mas, à semelhança de Dern, dificilmente de sagrará vencedora.


Nebraska arrisca-se a ser um dos filmes com mais nomeações a sair de mãos a abanar do Dolby Theatre. Mas acredito que as nomeações já foram bastante generosas com Alexander Payne, pois certamente fizeram com que ganhasse um publico que de outro modo não veria o filme (falo em nome próprio e mesmo em Portugal só depois das nomeações dos Oscars é que houve distribuidora que se propusesse a levar o filme às telas nacionais - creio que por cá estreia a 27 de Fevereiro). 




Confesso que gostei mais do filme do que poderia prever. É uma história simples mas comovente e os atores fizeram um excelente trabalho. Ainda não vi "Sideways" e considerei "The Descendents" o filme 'Overrated' da respetiva temporada, mas Nebraska acabou por finalmente me fazer render à qualidade de Alexander Payne enquanto "bom contador" de histórias familiares - e por isso tenho de reconhecer que é também incontestável o mérito de Nebraska nas nomeações para Melhor Realizador e Melhor Argumento Original, por Bob Nelson. 

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