sábado, 8 de fevereiro de 2014

CAPTAIN PHILLIPS by Paul Greengrass (Oscars 7/9)

Assisti ontem a mais um dos nove nomeados para o Óscar da Academia na Categoria de "Melhor Filme": CAPTAIN PHILLIPS dirigido por Paul Greengrass e adaptado da obra "A Captain's Duty: Somali Pirates, Navy SEALS, and Dangerous Days at Sea" de Richard Phillips e Stephan Talty por Billy Ray


Este filme relata o verídico momento particularmente perigoso vivido em 2009 por Richard Phillips (Tom Hanks),um homem de família e experiente comandante de navios de carga, que de súbito se vê a si a a toda a sua tripulação emboscados por uma incursão de piratas provenientes da Somália, país cujos meandros de miséria levam a que tantos dos seus 'filhos', sob o comando impiedoso de uma Máfia muito própria, enveredem por um constante e desmedido trilho de saques. 



Decidido a assumir o controlo da situação, como se exige de um verdadeiro comandante, Phillips acaba por colocar em risco a sua própria vida ao ficar completamente sozinho num barco salva-vidas com os seus raptores que, não satisfeitos com a já avultada quantidade de dinheiro que lhes havia sido entregue no navio, vêem em Phillips a única solução para regressarem ao seu país com uma bem mais ambiciosa maquía. 














CAPTAIN PHILLIPS é um filme que nos prende ao ecrã, como os bons relatos de situações verídicas normalmente o fazem aliado ao drama inerente a esta história em concreto. Mas não é só do argumento (diga-se por sinal, um sério candidato ao Óscar de Melhor Argumento Adaptado) que sustenta este filme mas também, e diria sobretudo, as interpretações. 

CAPTAIN PHILLIPS marca o que podemos designar como o regresso clamoroso de Tom Hanks ao grande ecrã. Não que Hanks estivesse propriamente desaparecido, mas há muito que a sua autenticidade e singularidade na incorporação de papéis de forte carga dramática nos era saudosa (nunca é demais relembrar os seus extraordinários desempenhos em PHILADELFIA (1993) e em FORREST GUMP (1994) que lhe valeram o merecido feito de conquistar duas estatuetas consecutivas na categoria de Melhor Ator Principal). Ao ver agora a sua performance em CAPTAIN PHILLIPS percebo o espanto de muitos, aquando do anúncio dos nomeados aos Oscars deste ano, por Tom Hanks não se encontrar entre o lote de 5 atores nomeados. Efetivamente, Hanks mereceria ser pelo menos reconhecido com uma nomeação pelo seu extraordinário Richard Phillips . Contudo, e em concordância com o que já havia escrito relativamente à também notada ausência de Joaquin Phoenix neste mesmo lote, é necessário tomar em consideração que este é um ano muito forte no que toca às interpretações masculinas.



Já a estreia de Barkhad Abdi não foi negligenciada nem pela Academia nem por tantos outros órgãos de atribuição de prémios da indústria cinematográfica. E nem o poderia ser. Barkhad Abdi é inegavelmente irrepreensível enquanto MUSE, o auto-proclamado novo capitão do navio e talvez tenha sido capaz de uma estreia tão memorável derivado à sua própria origem. Abdi é natural da Somália e é quase impossível não estabelecer uma relação unívoca entre a sua própria aparição nesta indústria e a invasão chefiada pelo seu Muse ao navio de Phillips. Tal como MUSE na emboscada que encabeça, Adbi está também "ao comando" nas diversas nomeações na categoria de "Melhor Ator Coadjuvante", talvez sem compreender muito bem como. Assim, o mundo do cinema poderá então afigurar-se num navio que Abdi com mestria 'tomou de assalto' e no qual, tal como a sua personagem, "chegou longe demais e não poderá (dele) desistir". 

Torna-se ainda mais significativo o feito de Abdi se pensarmos que logo no seu filme de estreia teve de "dividir" o ecrã com este "monstro do cinema", de seu nome Tom Hanks. E se na própria história Phillips tanto se vê em dificuldades para tentar ludibriar Muse (que é por vezes eficaz na detecção dos "truques" de Phillips) como faz uso da inocência deste para tentar escapar, também Adbi consegue humildemente disputar com Hanks o protagonismo desta história. 


















Captain Phillips, ao contrário do que inicialmente poderia pensar, é um justíssimo nomeado a Melhor Filme, apesar de considerar que as suas hipóteses de vencer na maioria das categorias a que está nomeado são muito escassas (diga-se de passagem que este filme, na minha opinião, é bem melhor conseguido do que American Hustle, um dos super favoritos). 

No entanto, não seria de espantar que a Academia resolvesse "saquear" o favoritismo de Leto ou até mesmo de Fassbender, atribuindo a Abdi a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante (a Academia por vezes é perita a proporcionar estes momentos, e Abdi já venceu nesta categoria no London Critics' Circle Awards). 

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